Apesar do crescimento das exportações nos últimos anos, os dados mais recentes mostram que as marcas chinesas de automóveis, inclusive as especializadas em veículos elétricos, ainda dependem fortemente do mercado doméstico. Segundo análise do portal independente Car Industry Analysis, que publicou um gráfico com a distribuição global das vendas das 20 maiores marcas chinesas em 2024, mais de 75% das vendas dessas montadoras ainda ocorrem dentro da China.
A exceção mais notável é a MG, marca controlada pela SAIC Motor, com apenas 38% das vendas na China e o restante dividido entre Europa, Oriente Médio, América Latina e outras regiões. Isso reflete uma estratégia consolidada de internacionalização, especialmente no segmento de veículos elétricos acessíveis.
Foto de: MG
Por outro lado, gigantes como BYD (91%), Geely (82%), Changan (83%) e Wuling (98%) ainda concentram quase toda a produção para consumo interno. Mesmo assim, há sinais de mudança: BYD e Chery já têm presença sólida no Brasil e em outros países da América Latina. Marcas como Leapmotor, ZEEKR, NIO e Xpeng também iniciam movimentos internacionais, ainda que em estágio inicial.
Brasil se torna peça-chave na expansão global
A BYD é o exemplo mais emblemático dessa transição. A marca já vendeu mais de 100 mil carros no Brasil, constrói uma fábrica em Camaçari (BA) e está entre as líderes de vendas de elétricos no país. A Chery, por sua vez, já atua no Brasil desde 2014 com produção local via CAOA, mas agora amplia o foco em elétricos e híbridos.

Foto de: Fábio Trindade
Outro caso é o da Leapmotor, que assinou acordo com a Stellantis e confirmou a chegada ao Brasil em 2025. A Zeekr, ligada ao grupo Geely, já estreou oficialmente no mercado nacional em 2024. Já marcas como NIO e Xpeng ainda não têm operação no Brasil, mas intensificam ações na Europa — o que pode acelerar sua presença por aqui.
A grande questão para o futuro será observar como essas marcas conseguem ganhar relevância em mercados com forte concorrência, infraestrutura em desenvolvimento e exigências regulatórias distintas, como o Brasil. Com incentivos à eletrificação e uma demanda crescente por alternativas sustentáveis, o país pode se tornar a principal porta de entrada para a América do Sul.
Distribuição Global das Vendas (2024)
Marca |
% na China |
% Fora da China |
Destaques de internacionalização |
MG |
38% |
62% |
Forte presença na Europa, América Latina e Oriente Médio |
BYD |
91% |
9% |
Liderança no Brasil e investimentos em fábrica local |
Geely |
82% |
18% |
Crescimento em países da Eurásia e Europa |
Changan |
83% |
17% |
Início da expansão no sudeste asiático e América do Sul |
Chery |
66% |
34% |
Presença consolidada no Brasil via CAOA |
Wuling |
98% |
2% |
Foco quase exclusivo no mercado chinês |
Haval |
66% |
34% |
Em expansão na Europa Oriental e América Latina |
Li Auto |
96% |
4% |
Forte dependência interna, sem atuação no Brasil ainda |
Jetour |
78% |
22% |
Lançamentos recentes em mercados emergentes |
Hongqi |
97% |
3% |
Exportações limitadas, principalmente ao Oriente Médio |
AITO |
100% |
0% |
Totalmente doméstica até o momento |
Aion |
97% |
3% |
Foco interno, com planos para internacionalização |
GAC |
96% |
4% |
Interesse em exportar, mas ainda incipiente |
Lynk & Co |
97% |
3% |
Presença na Europa, chegada ao Brasil em 2026 |
Leapmotor |
98% |
2% |
Chegada ao Brasil em 2025 via Stellantis |
Tank |
77% |
23% |
Crescendo no Oriente Médio e América Latina |
ZEEKR |
92% |
8% |
Estreou no Brasil no final de 2024 |
NIO |
99% |
1% |
Presente na Europa, Brasil ainda fora do radar |
Deepal |
95% |
5% |
Internacionalização ainda limitada |
Xpeng |
92% |
8% |
Foco na Europa, potencial de entrada no Brasil |
Fonte: Car Industry Analysis